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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

AS MAIORES HQS DE TODOS OS TEMPOS (KEN PARKER)



Hoje me bateu uma vontade danada de reencontrar um velho amigo, alguém muito querido que muito me ajudou a suportar os dias amargos que passei no Rio de janeiro, esteve desaparecido de minha vida por uns anos me provocando grande apreensão. Reencontrei-o em São Paulo, casualmente, para minha grande alegria. Já faz uns anos que não o vejo, mais precisamente desde que me mudei de Brasília para vir ao nordeste e agora me bate esta saudade repentina.
Infelizmente não posso vê-lo pois ele se encontra muito bem guardado dentro de uma caixa, numa pilha entre tantos outros quadrinhos lacrados que não posso abrir por falta de espaço nas minhas estantes.
O amigo a quem me refiro chama-se Ken parker, personagem da linha western, criado pelos italianos Giancarlo Berardi (roteirista) e Ivo Milazzo (desenhista).



Parker me foi apresentado pelo Ariel, um amigo da adolescência em 1978. Não fui muito com a cara dele a princípio, na época eu curtia Tex e Jonah Hex e achava que não havia ninguém naquele gênero que pudesse chamar minha atenção.
O gibi de estreia, editado pela Vecci se chamava Vingança, e a história tratava exatamente disso, o protagonista caçando os assassinos de seu irmão. Nada novo, mesmo assim me marcou por mostrar um drama violento e bastante calcado na realidade. Mas a partir do número dois, chamado Mine Town, que comecei a me interessar de verdade. Um número melhor que o outro e a partir daí eu e Ken Parker começamos uma relação que durou muitos anos. O desenhista Milazzo teve que se revezar com outros artistas a partir do número 8, se não estou enganado, uns muito bons, outros nem tanto, mas a qualidade das histórias sempre permaneceram excelentes.
Ken Parker fugia à regra das histórias de cowboys a que estamos acostumados, ele já trabalhou num baleeiro no melhor estilo Moby Dick, esteve entre os esquimós, defendeu a causa índia em Washington e tals.
Soube que ele foi inspirado pelo filmaço "Jeremiah Johnson" que aqui recebeu o título de "Mais Forte Que A Vingança", de 1972, dirigido pelo Sidney Pollack e estrelado pelo Robert Redford, tanto que alguns desenhistas retratavam Parker com a cara do Redford.

Mas foi no período que morei no Rio de Janeiro, nos fins de 70 e começo de 80, que comecei a minha coleção de Ken Parker, ler (e reler) aquelas histórias foi como bálsamo num período de solidão e alheamento. Comecei minha coleção comprando em banquinhas de feira livre, neste período, as feiras no Rio sempre tinham uma barraquinha de revistas usadas e foi ali que adquiri números que havia perdido (inclusive comecei uma grande coleção de Tex nesta época, mas sobre o famoso ranger eu falo em outra oportunidade).

Certo dia, muito chuvoso e frio, eu fui até a sede da Editora Vecchi que ficava num lugar no centro da cidade muito longe da onde eu residia, para finalmente completar a minha coleção, mesmo estando com pouco dinheiro. Todos os meses eu ia às bancas ansioso por uma nova edição e muitas vezes frustrado pelos comuns atrasos.
A coleção de Tex e Ken Parker começou a crescer demais e eu já não tinha espaço no lugar onde dormia de favor e a mãe do amigo que me hospedava, uma senhora muito religiosa, começou a pressionar e eu tive que me desfazer das revistas. Nesta época errante, uma revolta muito grande começou a tomar conta de mim mas eu nunca a externava, eu me achava a pior criatura da face da terra e tinha um desprezo profundo pelas pessoas à minha volta. Ouvia muito rock (escondido) e tava sempre com garotas (cujo nomes nem lembro mais). Foi meu período de "sexo e rock´n´roll", não teve drogas porque esta merda nunca me interessou, sério, mesmo naquela época de total inconsequência nunca entendi como um ser humano pudesse ser tão imbecil a ponto de usar tais substâncias para fugir da realidade (ou fazer parte dela).


De volta à Brasilia recomecei minha coleção de Ken Parker, mas aí já era muito mais difícil, não lembro se a Vecci já tinha fechado as portas, mas encontrar números antigos era como procurar agulha num palheiro. O Tex encontrou casa nova, mas o Parker, que nunca foi popular, muito menos um sucesso de vendas, encerrou seu ciclo no número 53. O Ariel, que a muito perdera o interesse no personagem, me cedeu várias edições que faltavam. Com muito custo fui agregando um número aqui outro ali, até que tive em mãos todos os exemplares tinham saído pela Vecchi, com exceção de um que tinha o título de Sangue Vermelho (o número 49). Foi o período em que o Parker sumiu, sempre que eu ia a sebos, vez ou outra eu encontrava vários volumes antigos, mas nunca aquele. Já cheguei a ver certa vez a coleção inteira na Muito Prazer, estava tudo lá....menos o número 49. Cheguei a conversar com outros colecionadores e muitos não tinham aquele tomo. Cheguei mesmo a duvidar que ele tivesse sido publicado. Sem exagero, sonhei algumas vezes que o referido número chegava às minhas mãos. ATÉ QUE NUM BELO DIA alguém se desfez da sua coleção e na mesma Livraria Muito Prazer, EU O REENCONTREI! O ansiado volume que me faltava lá estava me esperando. Como disse acima, foi como rever uma pessoa querida, desaparecida a muito. O tal Sangue Vermelho, nem era lá uma história tão boa, mas eu finalmente tinha a coleção completa.


O personagem parou no Brasil mas continuou na Itália, então a Best News anunciou uma série de títulos de quadrinhos, entre eles Ken Parker a partir do número onde tinha parado, saíram duas ótimas edições, mas as hqs desta editora tiveram vida curta.


Posteriormente saíram alguma edições especiais em formato álbum, com papel de boa qualidade e histórias coloridas, todas ótimas, mas o final da saga permanece inédito pra mim até hoje. Uma editora nova (Tapejara, Cluc, nem sei bem agora) relançou todos os números com um melhor acabamento, formato igual ao original italiano e com uma tradução mais fiel. Pensei em comprar de novo, mas o preço salgado e a publicação irregular me impediram, mas prometi a mim mesmo que os números faltantes eu compraria quando saísse. Os tais números foram lançados e eu nem fiquei sabendo, quando fui atrás já não se tinha mais notícias deles, sumiram do mercado e eu que a muito tempo não sou mais aquele Eduardo de outrora, deixei minha vontade de ler a conclusão daquela fase do personagem hibernar. Um dia, quem sabe, eu corra atrás disso.




Em São Paulo, a Mithos colocou na praça uma nova fase do nosso herói, posterior aquela que eu perdi. Nela Ken Parker é caçado por um xerife implacável por um crime cometido anos antes. Uma boa sequência que acompanhei todos os números, mas não era a mesma coisa. Não sei, amigos mudam como mudam as estações, e o velho Rifle Comprido, como é conhecido entre os índios, talvez tenha ficado mais maduro, mais sorumbático, mas nada apaga aqueles primeiros tempos, aquelas velhas histórias.

Li dia destes que ele voltará a ser publicado na Itália, será muito bem vindo, mas como eu já disse, as velhas revistas da Vecci, esta sim, é a saudade que gosto de ter.


Mais informações sobre Ken Parker vocês encontram no excelente blog http://kenparker.blogspot.com.br/ , dedicado ao personagem.


4 comentários:

  1. Fala, Eduardo! Também sou fão do Ken Parker. Talvez não tão aplicado como você, mas também me sinto privilegiado por ter conhecido o Rifle comprido pelas mãos da Vecchi e de uma amigo queera fã de Tex. Esse meu amigo me vendeu todos os seus Tex e com eles veio junto alguns Ken Parker, Chet e Chacal. Esse número 1 folheio de vez em quando, embora esteja meio baleado. Comprei alguns em sebos, mas tenho poucos. Nem sabia que haviam saído tantos números pela Vecchi...
    Obrigado por me fazer lembrar desse belo personagem.
    Feliz 2014, meu amigo! Que esse ano seja tudo que ele pode ser pra você e sua família.
    Grande abraço,

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    1. Obrigado pelos seus votos, meu caro Gilberto, retribuo em dobro pra você e sua família. Sabe, este é um ano que me preocupa um pouco, não exatamente por mim, pois tenho trampos mais ou menos engatilhados, mas penso no Brasil de um modo geral, logo é carnaval, semana santa, copa do mundo e sei lá mais o quê. É oba-oba demais pra um país que já tem feriados e festas em excesso. Mas vamos ser otimistas, né?
      Estou lhe devendo uma visita no seu blog a dias, realmente meu tempo está corrido, mas me aguarde.
      Quanto ao Ken Parker eu estava devendo este post a muito tempo pela importância que o personagem teve em minha vida. Sou grato aos italianos por esta grande criação. Tenho que correr atrás dos números restantes.
      Abração.

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  2. Oi, Schloesser! Este post me fez perceber o quanto a internet facilitou as compras em sebos. Sou fã da Estante Virtual. Acabei de comprar, através deles, um livro com as tirinhas do Calvin e do Haroldo. Conheço mais quadrinhos "de menina". O Ken Parker, por exemplo, é novidade pra mim. Abraço!

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    1. Calvin e Haroldo é ótimo, Carla. Gosto muito.
      Tenho certeza que Ken Parker iria te agradar muito.
      Grande abraço.

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