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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

DIA DO QUADRINHO NACIONAL 2014



Amadas e amados, bom dia a todos. Você sabem como gosto de um drama, então vamos começar pelo principio as dificuldades que tive que enfrentar para chegar a Olinda onde se daria o evento que comemoraria o Dia do Quadrinho Nacional. Eu deveria participar de uma mesa redonda onde seria analisada a atual situação dos quadrinhos no Brasil. Vocês já sabem o que penso, mas vamos lá, como o acontecimento só iniciaria as 14 horas, decidi sair de casa ainda cedo para resolver um problema com o plano de saúde na cidade. O dia estava bonito, o que significa um calor de rachar perpetrado por um sol matador. Numa boa. Foi Deus quem fez o sol e ele é pra ser quente mesmo, assim como os ônibus tem que parar na parada quando você faz o sinal. Não foi o que aconteceu, o motorista que estava ao celular fingiu que não viu a mim e aos outros que sinalizavam. Sem problemas, desta vez um outro não demorou e este nos fez o grande favor de parar. Aproveitei para ler, pois embora não seja recomendável em um veículo em movimento este é um dos únicos momentos onde posso me dedicar a este prazer. Não vi o tempo passar. Ótimo.
Na sede do plano fiquei de queixo caído com o número de pessoas para serem atendidas. Peguei minha senha e me sentei. O ar condicionado estava no ponto mas o programa que estava passando na tv era uma destas sitcoms americanas para adolescentes idiotizados, ainda bem que o som estava baixo, peguei meu caderninho de esboços e comecei a tracejar a primeira coisa que me veio na cabeça, uma doideira qualquer que geralmente envolve mulheres e monstros. Depois de quase uma hora que não vi passar fui atendido e sai dali em direção ao Shopping Boa Vista para comer alguma coisa, afinal já passava das 13 horas. No tal shopping uma massa compacta de gente impedia a passagem aonde quer que se fosse. Resolvi comer numa lanchonete famosa cujo nome é o de um animal de pescoço comprido. Nem preciso dizer que a fila não andava. Uma negra me chamou a atenção (devo dizer afro-descendente?) pelo atentado ao bom gosto, aliás, não apenas eu olhava para a mulher, ela usava uma pintura berrante, blusa com estampa de onça, mini-saia de couro com uns adereços brilhantes para valorizar os pernões longos, um lenço vermelho no pescoço e muitos berloques e pulseiras. Me perguntei se tinham antecipado o Carnaval e eu não estava sabendo. Foi aí que as luzes da lanchonete se apagaram todas. Um curto-circuíto, alguém falou. Legal, pensei eu, assim posso comer na mais famosa lanchonete americana, assim lá fui eu enfrentar outra fila. Fui burro, deveria ter ido para uma fila onde não houvessem tantas crianças. Na vez deles eles não se decidiam pelos bonecos que vem de brinde no lanche. Consultei o relógio, 13:30, vou chegar atrasado e nem conheço o local do encontro. Quando cheguei no caixa constatei que as luzes da outra lanchonete haviam voltado. Me lembrei de um desenho do Pernalonga que assisti quando era moleque. Apesar de tudo comi bem. Sai dali para o local onde pegaria o ônibus para Olinda. Depois de 40 minutos ele apareceu. Lotou no ato. Viajei em pé com as costas em brasas. Perguntei ao cobrador se ele conhecia a Faculdade Focca em Olinda. Ele disse que sim. Pedi a ele a gentileza de me informar onde eu deveria descer, ele balançou a cabeça afirmativamente. Depois de um tempo, onde o veículo só enchia, eu perguntei de novo e ele me disse que ainda estava longe. Após mais um tempo, uma mulher sentada próxima me falou: "o senhor não ia descer na Focca? Ficou para trás faz tempo!" "Tá brincando?!?" fiz eu. O imbecil do cobrador falou: "Eu pensei que o senhor ia descer na outra Foca!" "Porra, tem outra?!?" respondi indignado. "É melhor o senhor descer e voltar." "Ah, é mesmo?" ironizei. Antes de descer tive vontade de agradecer a mulher por haver me informado que eu estava longe de onde deveria descer, ela havia ajudado muito, mas deixei pra lá.
Como era uma avenida de mão única não dava pra pegar um ônibus de volta. Tomando informações fiz o trajeto sentindo meus lombares e calcanhares me torturando, uma sede terrível ameaçava me matar naquelas calçadas sujas, mas tudo bem, o astro-rei cuidava de mim mantendo-me devidamente aquecido. Quarenta minutos depois eu finalmente chegava à faculdade surpreso por haver pouquíssimas pessoas para o evento e ele nem havia começado. Me tratam como a uma pessoa importante nestes lugares. Antes eu ficava constrangido, mas sei que este é o meu galardão nesta terra, eu humildemente aceito os elogios e apertos de mão, estas coisas jamais me subirão à cabeça pois eu sei bem qual é a minha condição de vida.
Quase arranquei o bebedouro do chão e o entornei na boca tamanha era a minha sede, nem sei quanto tempo passei ali sorvendo o líquido.
Estavam lá o Sandro Marcelo, o Rafael tavares, organizadores do evento, Michelle Ramos criadora do Zine Brasil, Luciano Féliz e Téo Pinheiro, quadrinistas de mão cheia. Como àquela altura não apareceria mais ninguém decidiram começar as palestras.


Rafael Oliveira começou a preleção, nesta foto acima eu apareço à direita na tela. Não sabia que eu era feio também de costas.
Falou-se muito sobre o porque que as hqs nacionais não vão pra frente, comentou-se as cifras do filme Os Vingadores, que aquilo se deve aos quadrinhos e tal, e porque não poderíamos fazer o mesmo aqui com personagens nossos. Empreendedorismo foi o foco do que o Rafael falou. Para o festival internacional do dia do Orgulho Nerd, que será nos dias 24 e 25 de maio terão total apoio da prefeitura de Olinda, será um evento grandioso de cultura pop, que terá como tema "LEGADO".
Bem, posso dizer que se realmente for feito o que está sendo planejado, se conseguirem convencer mesmo alguma autoridade da importância dos quadrinhos como empreendimento e algo brotar daí, talvez os quadrinhos brasileiros avancem um pouco do ponto em que estão. Vamos ver.


Sandro na sua vez de palestrar anunciou os novos rumos da sua empreitada em relação às hqs pernambucanas, um novo troféu foi criado para premiar as melhores publicações do ano, trata-se do Troféu Zine Brasil. Michelle Ramos, sempre com muita simpatia falou a respeito do seu trabalho, que aliás, merece toda a minha admiração pelo seu esforço hercúleo em divulgar todo material editado em terra brasilis.


Bueno, ainda autografei uns álbuns de Zé Gatão e deu pra bater um papo rápido com pessoas muito legais.


A tal mesa redonda da qual eu participaria não aconteceu pela falta de tempo. 19 hs em ponto um cara vinha nos lembrar que o local deveria ser fechado. Sempre me chateio por não haver muitas pessoas em eventos assim. Sei que as pessoas tem suas famílias e compromissos, mas, pô, eu também tenho e estava lá, tenho trabalho para fazer mas tirei o dia para isto porque acho importante apoiar, mas pelo visto nem todos pensam assim.
Umas fotos e pronto, nos afastamos de lá.



.Voltar para casa foi mais tranquilo, mas não sei se era cansaço pois uma baita depressão me abateu. Acho que isto é uma coisa normal na minha vida. Ela segue.

6 comentários:

  1. Fala, Eduardo! Cara, Estou orgulhoso de você. Com toda essa dificuldade você estava presente no evento. Eu me planejei para ir ao Angelo Agostini no sábado, mas me enrolei por aqui e quando dei por mim, já eram mais de 14 horas (o evento começava às 13 h.) Calculei que iria chegar muito tarde por lá e desisti. Logo eu, que todo ano, bato cartão nesses eventos. Fiquei com um sentimento de tristeza e arrependimento gigante quando vi algumas fotos da exposição de originais dos mestres que rolava por lá (Memorial da América Latina).
    Parabéns por ter se movido e sido proativo.
    Esse ano têm Comic Con aqui em São Paulo. Acho que será imperdível!
    Um grande abraço,

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    1. Obrigado Gilberto. Na verdade escrevi uma resposta mais completa aqui mas a página sumiu de repente, deletando meu texto. Mas vou resumir o que escrevi anteriormente: Estar presente a um evento em prol do crescimento do mercado de quadrinhos nacionais, quando convidado, é o mínimo que posso fazer. Eu acho que se todos (artistas, editores e consumidores) fizessem cada um a sua parte, teríamos um mercado de quadrinhos no Brasil (mas acho que continuo sonhando).

      Sobre a Comic Con, acho que será legal. Digo a palavra "acho" porque não sei bem o que pensar disto. Sei que é bom para quem curte a cultura pop em geral, o Brasil como forte público consumidor destas coisas tem que sediar um evento destes, mas noto que estes mega festivais tem os quadrinhos como sua mola mestra, mas eles tem pouquíssima relevância na verdade, tudo não passa de uma vitrine para as multinacionais venderem seus produtos, tudo está focado nos filmes, nos artistas, nos games, nas séries e seus subprodutos e os quadrinhos que deveriam ser destaques parece que pegam carona.
      Este evento terá o produto nacional em destaque? Ajudará a alavancar os quadrinhos produzidos aqui? Ou será apenas mais uma plataforma para fazer brilhar ainda mais os carinhas do Omelete, as revistas do Maurício de Souza e os artistas nacionais que já estão inchados de tanta babação?
      Temo que esta Comic Con engula os festivais de BH e do sul onde os quadrinhos são focados como se deve, entende?

      De todo modo, acho que isto é positivo, alguns artistas que ainda lutam para sair da obscuridade podem ser revelados, quem sabe?

      Abração.

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  2. GRande Eduardo! Foi um imenso prazer contar com a sua presença no Dia do Quadrinho NAcional e acredite que um dos maiores motivos pelos quais você é tratado com essa grandiosidade é justamente a humildade que lhe é inerente, essa simplicidade que faz com que o admiremos cada vez mais, meu velho! Não desanime pois ainda veremos um forte sol brilhar pra nossos quadrinhos!

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    1. Oi, Sandro, agradeço humildemente o carinho, e consideração.
      Quanto as suas últimas palavras espero mesmo que você tenha boca de profeta.
      Vamos continuar lutando pelos nossos sonhos de forma honesta.
      Grande abraço.

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  3. Eduardo! Foi um prazer enorme ter vc no evento, com todas essas dificuldades que lembraram um pouco minha própria vida as vezes kkkkkk, creio que temos um caminho longo a percorrer em PE, mas vejo mudanças significativas quando vejo um artista como vc, que admiro pra caramba, dando sua contribuição dessa forma! Espero que possamos muito em breve colher os frutos dessas dificuldades que estamos passando em prol da HQ Pernambucana e Nacional; Abraço forte! ;)

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    1. Valeu Michelle.
      Como respondi ao Sandro, vamos continuar acreditando e trabalhando.
      Beijão.

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