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segunda-feira, 1 de junho de 2015

NOITE NA TAVERNA (CENA 9).

Agora a tarde bateu a velha depressão. Me sinto amarrotado, sugado e posto de lado como um bagaço de cana. Hoje sei porque me sinto assim, planejei algo e uma força maior que a minha mudou tudo. É sempre assim, sempre tem um tirano na minha vida e não há nada que eu possa fazer para mudar a não ser que mate ou morra. E o que é pior, o tirano não sabe que é um tirano, ou pelo menos não se vê como tal, ele se vê como uma vítima. Todos somos vítimas. Não há culpados, somente nós mesmos. Fazemos nossas escolhas de forma consciente e depois colhemos os frutos do que plantamos. Temos uma dura estrada para caminhar desde que saímos do lugar seguro aos berros, uns encontram botas confortáveis para trilhar, outros tem que seguir descalços. Mas ninguém está livre de andar e andar em direção ao final reservado a todos. Lutamos na arena da existência na ilusão de que venceremos se formos persistentes, mas a real é que estamos todos fadados à derrota não importa o que se faça. Mas podia ser diferente em alguns pontos, não? Podíamos nos dar as mãos de vez em quando, levarmos o fardo de alguém enquanto ele descansa um pouco, depois um outro levaria o nosso e assim a tal caminhada seria menos atribulada. E eu não falo dos nossos semelhantes africanos ou neozelandeses, nem daqueles que moram no outro bairro, eles estão longe geograficamente falando, falo do vizinho ao lado, do conjugue, daquele que senta próximo à sua mesa no trabalho ou ao seu lado num coletivo. Alguém já parou pra pensar que o Evangelho de Jesus Cristo é a solução para todos os males? Basta ler com os olhos da alma para perceber. Não falo de religião, falo de viver o Evangelho de Cristo tal qual ele o fez. Mas quem liga? O legal é ser esperto, é ser o maioral, o gostosão, o valente que resolve tudo na porrada. Nada de virar a outra face. Eu cuido do meu e do que me interessa, o resto que se foda! Agem assim pensando que são eternos, que ninguém os substituirá. A natureza inteira está contaminada com este tipo de filosofia. Dia desses estava na casa da minha sogra e passava um programa interessante sobre os babuínos no Animal Planet. Vou contar: assim como nós, os babuínos tem tribos e toda tribo tem um líder. Este tem que ficar esperto para não vir um elemento mais jovem tomar seu lugar. Para que isto não aconteça ele precisa do apoio das suas esposas. Ou seja, se uns macacos mais jovens e ambiciosos se manifestarem contra ele as fêmeas o ajudarão. Há um bocado de violência ali. Pois bem, um líder de uma dessas tribos certa manhã acordou mal humorado, talvez estivesse com enxaqueca ou sei lá o quê, o fato é que num rompante de fúria ele matou os filhotes, o que desagradou as fêmeas. Já a tempos uns babuínos mais novos estavam afim de destituir aquele líder e foram pra cima dele com tudo, ele procurou a ajuda das esposas para enfrentar a ameaça, mas elas revoltadas com o infanticídio deixaram ele na merda sozinho. Resultado, embora fosse valente, a superioridade numérica prevaleceu e deram-lhe uma surra brutal, por pouco não morreu. Foi expulso da tribo e deixado ferido à própria sorte. Os mais novos elegeram o novo líder e a vida seguiu. É sempre assim.

Meu ombro hoje está doendo bastante, uma lesão antiga, dos tempos de musculação, que as vezes vem me lembrar de que os anos não perdoam ninguém.

Vejo minha esposa em sua lida diária, numa rotina que não muda com os anos. Se eu tivesse os meios para mudar este quadro...!

Deixo com vocês mais uma imagem de um livro. O que mais posso fazer?


2 comentários:

  1. Oi, Schloesser! Eu estava viajando. Voltamos ontem e só agora vi este post. Espero que você esteja se sentindo melhor. Deprê vem em ondas e eu já esperava que uma te atingisse depois da grande alegria pelo livro. Agora é só se preparar para surfar outra onda de felicidade. Em geral, é assim que funciona. Fique bem! Abraço!

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    Respostas
    1. Confesso que senti falta dos seus comntários, Carla. Imaginei isso mesmo, que você estaria viajando.
      Espero que tenha refrescado a cuca da rotina diária.

      Sabe, algumas pessoas ao lerem o post ficaram preocupadas, não se manisfestaram aqui mas passaram e-mail e meus irmãos me ligaram. Nada grave comigo, apenas um desabafo quando os pequenos aborrecimentos diários se acumulam, na verdade ainda tem umas coisas chateando mas já estou acostumado. Vai passar. Obrigado pelo apoio.

      Abraço forte.

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